O SOFRIMENTO DO MESSIAS - ISAÍAS 53
Hoje, quando nos reunimos para celebrar na ceia a morte e ressurreição
de Jesus, concentramos nosso foco em Seu sofrimento, procurando
discernir quais são as implicações dele para a nossa vida hoje.
COMO FOI
O SOFRIMENTO DE JESUS?
I – FOI UM SOFRIMENTO INTENSO (v. 2-3, 7-8)
“... Homem de dores e que sabe o que é padecer” (v. 3)
O sofrimento de Jesus foi: visualmente repugnante (v. 2) – Ele sofreu
tanto que ficou sem aparência, sem formosura, sem beleza, num estado
extremamente desagradável (ver 52:14); provocador da sua marginalização
social (v. 3) – desprezo, rejeição total, ignorância, abandono, não
houve para com Jesus nenhuma expressão de carinho e apreço. Por tudo
isto o profeta, acertadamente, falou do Messias como o “homem de dores e
que sabe o que é padecer” (v. 3).
II – FOI UM SOFRIMENTO SARADOR (v. 4-6, 8, 10 a,11, 12)
“.... Pelas suas pisaduras fomos sarados” (V. 5)
O sofrimento de Jesus foi espontaneamente terapêutico (v. 4
“Certamente, ele tomou sobre si ......”): longe de ser uma
circunstancialidade do destino ou uma surpresa desagradável depois de
três anos de completa dedicação aos discípulos e ao povo, ele fez parte
de um sábio plano divino de promoção de uma cura integral, plano que
Jesus tinha plena consciência (João 10:16-18).
O sofrimento de Jesus abriu caminho para a cura de enfermidades físicas
(v. 4 “certamente ele tomou sobre as nossas enfermidades e as nossas
dores levou sobre si...” ) – Mateus 8:16-18 afirmou que Jesus curou
enfermos da alma (endemoninhados) e “curou todos os que estavam doentes
para que se cumprisse o que fora dito por intermédio do profeta Isaías –
ele mesmo tomou as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças”.
Assim, a interpretação que inspiradamente Mateus faz de Is 53:4 inclui também a cura física. Da mesma forma como no passado (Hebreus13:8), Jesus
continua a tomar nossas enfermidades físicas como se fossem suas para
eliminá-las pelo seu poder ou para dar-nos poder para suportá-las.
O sofrimento de Jesus trouxe a cura de enfermidades espirituais, em
especial, da maior delas - o pecado. “Nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus e oprimido” (v. 4 b) – as feridas abertas no corpo e no
coração de Jesus, apesar de terem sido produzidas pelos seus algozes,
foram sabiamente permitidas por Deus como um cálice terrível que ele
precisava beber (Mateus 26:39), por isso, ele foi “ferido de Deus” (v. 10a -
“Ao Senhor agradou moê-lo, fazendo enfermar”; Atos 2:33 “ele foi entregue
pelo determinado desígnio e presciência de Deus”).
Sua morte não foi um mero martírio de um grande líder religioso. Isaías
diz que “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas
nossas iniquidades” (v. 5) – “traspassar” e “moer” são dois verbos
fortes que apontam para a intensidade do sofrimento interior de Jesus,
muito maior do que o sofrimento físico que já era por si só, como já
vimos, muito intenso. “... O castigo que nos traz a paz estava sobre ele
e pelas suas pisaduras fomos sarados” (v. 5) – como transgressores,
iníquos e pecadores só nos restava o castigo da morte (“o salário do
pecado era a morte” – Rom 6:23). Todas as tentativas humanas de
eliminação deste castigo (religiosidade, moralidade, solidariedade,
caridade, sacrifício....) mostraram-se ineficientes. Jesus, então,
trouxe a solução definitiva: considerou nossas culpas como suas e
recebeu no seu próprio corpo e coração o castigo que seria nosso,
pagando nossa dívida com Deus e estabelecendo com Ele em nosso favor um
relacionamento de paz. (Col 1:19-20 - “Aprouve a Deus que, nele,
residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua
cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas”; Efésios 2:13-14a -“Agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, fostes
aproximados pelo sangue de Cristo, porque ele é a nossa paz”; II Co
5:21-“Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para
que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”)
Para que não ficasse qualquer dúvida de que o sofrimento de Jesus foi
uma transação espiritual entre o Messias, Jesus, e o Pai, Isaías
reafirmou: v. 6 – “todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada
uma se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre Ele a
iniquidade de todos nós”; v. 8 – “por causa da transgressão do meu povo
foi ele ferido”; v. 11b ele “justificará a muitos porque as
iniquidades deles levará sobre sí”; v. 12 “levou sobre sí o pecado de
muitos”.
III – FOI UM SOFRIMENTO FRUTÍFERO (v. 09-12)
“Ele verá o fruto do seu penoso trabalho....” (v. 11)
O sofrimento de Jesus foi imerecido – Jesus foi crucificado entre dois
malfeitores e um deles fez sobre Jesus um diagnóstico que alguns
teólogos ao longo da história tiveram dificuldade de fazer – “nós, na
verdade, com justiça, recebemos o castigo que os nossos atos merecem,
mas este nenhum mal fez” (Lucas 23:41). Era exatamente esta a certeza de
Isaías sobre o Messias: “nunca fez injustiça, nem dolo algum se achou em
sua boca” (v. 9b); “o meu servo, o Justo...” (v. 11).
O sofrimento de Jesus trouxe as mais profundas transformações da história:
** fez uma revolução espiritual na Sua posteridade (v. 10 – “quando ele
der a sua alma como oferta pelo pecado verá a sua posteridade”) – a
história foi tão impactada pela morte de Jesus que passou a ser dividida
em duas partes – a.C e d.C;
** foi sucedido por Sua extraordinária ressurreição (v. 10 “e
prolongará os seus dias”) – o grande lamento da cruz foi plenamente
respondido na ressurreição (Mateus 27:46 “meu Deus, meu Deus, porque me
desamparastes? Cp. c/ Mt 28:26 “ele não está aqui, ressuscitou, como
tinha dito”);
** proporcionou o avanço da vontade de Deus (v. 10b “e a vontade do
Senhor prosperará nas suas mãos”) – Jesus revelou sabiamente a vontade
de Deus e por Seu poder criou as condições para que ela fosse conhecida,
obedecida e divulgada, espalhando-se de forma jamais vista por todas as
nações da terra;
** trouxe-lhe satisfação pois proporcionou a maior bênção que um homem
pode receber em vida – a justificação (v. 11 – “ele verá o fruto do
penoso trabalho e ficará satisfeito; o meu servo, o Justo, com o seu
conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará
sobre sí”; Rom 5:18 “assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre
todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça,
veio a graça sobre todos os homens para a justificação que dá vida") -
com base no sofrimento de Jesus o homem hoje tem total segurança de que
pode em Cristo ficar definitivamente livre da condenação do pecado.
** mudou por completo o conceito humano de relação entre ofendido e
ofensor (v. 12b “foi contado entre os transgressores, levou sobre si o
pecado de muitos e pelos transgressores intercedeu”) – Jesus, sem
possuir qualquer imperfeição, soube lidar sabiamente com as imperfeições
de todos os que o rodearam na cruz , assumindo suas imperfeições como
se fossem suas, clamando ao Pai que perdoasse aqueles que o
crucificavam (Lc 23:34) e garantindo um lugar no céu para o malfeitor
arrependido que estava do seu lado (Lucas 23:43).
JESUS FEZ NA CRUZ A OBRA COMPLETA!!
O SEU SOFRIMENTO TROUXE VITÓRIA PARA TODOS QUE CREEM!!